sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Pesquisa mostra que riso pode acabar com a dor.


O que os amantes de piadas e os viciados têm em comum? Segundo uma nova pesquisa, um riso verdadeiro libera endorfina no cérebro, substância química que ativa os mesmos receptores que são acionados por drogas como a heroína, e que têm efeitos analgésicos, além de produzirem um estado de euforia.

Pesquisadores liderados por Robin Dunbar, da Universidade de Oxford, realizaram uma série de experiências - tanto no laboratório, quanto no Festival de Edimburgo – para trazer à tona o efeito do riso na capacidade das pessoas de suportar a dor.

Pesquisas anteriores já associaram uma calorosa risada com o alívio da dor. Assistir vídeos de comédia, por exemplo, tem demonstrado reduzir a necessidade de analgésicos em pacientes de hospitais. Mas não estava claro se era o próprio riso ou emoções positivas em geral as responsáveis por aliviar a dor.

Neste novo estudo, os cientistas testaram a tolerância à dor em dezenas de participantes, através de vários métodos: um aparelho medidor de pressão arterial colocado bem apertado, uma capa térmica congelada, colocada ao redor do braço, ou um exercício intenso em que os participantes tiveram que segurar-se contra uma parede, com suas pernas dobradas em um ângulo de 90 graus, como se estivessem sentados em uma cadeira.

Em vários experimentos de laboratório, os pesquisadores submeteram as pessoas a estímulos dolorosos, expondo-os antes e depois a episódios de comédia, incluindo videoclipes de programas como South Park, Os Simpsons e Friends, ou clipes de stand-up com artistas como Eddie Izzard (famoso comediante norte-americano). Um experimento em campo isolado foi realizado com pessoas que assistiram ou atuaram em performances cômicas em um festival de comédia.

Os pesquisadores descobriram que ver ou participar de uma atividade comica levou à maior tolerância a dor, e houve uma resposta relacionada diretamente à dosagem do riso: as pessoas que riram mais sentiram menos dor depois. Em um experimento, os pesquisadores compararam o efeito de assistir a vídeos engraçados e vídeos sobre a natureza, que davam a sensação de bem estar, mas não provocavam o riso. Segundo especialistas é o riso, e não a emoção positiva, que provoca o alívio da dor.

Rir com outras pessoas também mostrou-se melhor no alívio da dor do que rir sozinho e, segundo Dunbar, pode ser a chave para os seus efeitos. Como o New York Times escreveu:

"Dr. Dunbar acredita que o riso pode ter sido favorecido pela evolução porque ajudou a unir grupos humanos, assim como outras atividades como dança e canto fazem. Essas atividades físicas também produzem endorfina, disse ele,
e também são muito importantes. 'O riso é um mecanismo de início de vínculo de grupos sociais", disse ele. "Primatas o usam."

Isso pode ajudar a explicar porque um trauma de infância - particularmente abuso e negligência – aumenta dramaticamente o risco de uma pessoa ser dependente de heroína ou analgésicos no futuro. Quando o sistema de uma pessoa torna-se hiperativo por estresse, na ausência de apoio dos pais na educação ou no social, ela é mais propensa a procurar drogas externas para se aliviar.

Cada vez mais as pesquisas demonstram que dores emocionais e físicas não são tão distintas e que o contato social, quer se trate do contato de um pai ou de uma brincadeira de um amigo, pode proporcionar alívio. Essa deveria ser
uma boa notícia para todos os comediantes que trabalham por aí!"

O estudo foi publicado na revista Proceedings of the Royal Society B.

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